Transtornos do Espectro Autista (TEA) é um termo geral que indica um grupo de distúrbios neurológicos, caracterizados por três sintomas principais: dificuldade na interação social, na comunicação verbal e não verbal e comportamentos repetitivos. Os sintomas variam de forma individual quanto à gravidade e padrão, portanto as formas de TEA variam muito.

Além do espectro de anormalidades comportamentais no TEA, várias comorbidades médicas também são observadas em indivíduos portadores, incluindo convulsões, ansiedade, deficiência de sono e comprometimentos metabólicos.

As causas exatas do TEA não são claras, mas acredita-se que envolvam uma combinação de fatores de risco genéticos e ambientais. Estima-se que as mutações de novo, variantes comuns e polimorfismos de nucleotídeos único identificados em vários casos de TEA representam aproximadamente 50% do distúrbio.

A modulação do ambiente materno também é de interesse, dadas as origens do neurodesenvolvimento do TEA. Embora existam inúmeros fatores de risco perinatais que influenciam a fisiologia materno-fetal, incluindo estresse, infecção, diabetes gestacional, amamentação versus alimentação com fórmula, idade materna, uso de antibióticos e obesidade, as alterações na microbiota intestinal também podem ser um fator de risco relevante.

Portanto, acredita-se que o autismo tenha uma base biológica, genética e possivelmente ambiental. Até o momento, foram identificados mais de 100 genes causadores de mutações deletérias em aproximadamente 10 a 25% dos pacientes autistas. 

Um destes genes estudados é o da Metilenotetrahidrofolato Redutase (MTHFR). Acredita-se que os polimorfismos no gene MTHFR contribuam para uma variedade de doenças neurológicas, e uma destas é o TEA. O gene produz uma enzima com o mesmo nome, e esta pode sofrer alterações em seu funcionamento, causado pelo polimorfismo genético.

A enzima MTHFR é essencial para o DNA, pois tem a função de converter 5,10-metileno tetrahidrofolato em 5-metil tetrahidrofolato, doando o carbono para a síntese de metionina. Sendo assim ela auxilia na síntese, metilação, integridade e estabilidade do DNA

O folato, também conhecido como vitamina B9, desempenha um papel importante no desenvolvimento neurológico, pois atua como um transportador do grupo metil. Nas últimas décadas, vários estudos indicaram que baixos níveis sanguíneos de folato (B9) e cobalamina (vitamina B12) e níveis elevados de homocisteína foram associados a sintomas de desenvolvimento neurológico, especialmente declínio cognitivo.

Associações entre polimorfismos do gene MTHFR e suscetibilidade ao TEA permaneceram pouco elucidadas. 

Estudos recentes, com a metodologia de meta-análise, encontraram associação entre a suscetibilidade de desenvolver TEA e os polimorfismos do gene da MTHFR

Pu et al. (2013), realizou meta-análise de 8 estudos, com 1.672 casos de TEA e 6.760 controles e, encontraram os polimorfismos do gene MTHFR (677C > T e 1298A > C) associados ao aumento de risco de TEA.

Rai et al. (2016), realizou meta-análise de 13 estudos, com 1.978 casos de TEA e 7.257 controles e, os resultados indicaram associação do aumento do risco geral de TEA com o polimorfismo MTHFR 677C > T, assim como relacionado a etnia asiática e caucasiana.

Sadeghiyeh et al. (2019), agrupou em meta-análise, 25 estudos caso-controle, totalizando 3.891 indivíduos com autismo e 9.279 controles, e encontraram associação entre o polimorfismo do gene MTHFR (677 C > T) e o risco de TEA em todos os modelos genéticos para as populações caucasianas, asiáticas e africanas, e encontraram associação com o polimorfismo 1298 A > C apenas para a população caucasiana. Os autores afirmam que os resultados mostraram que os polimorfismos MTHFR são preditores de autismo e podem ser usados clinicamente no diagnóstico de autismo.

Portanto, conhecer seu DNA, e verificar a existência ou não dos polimorfismos do gene MTHFR é de suma importância para diagnóstico e tratamento de TEA.  A análise genética do gene MTHFR  através do BioDiet – MAP da Biogenetika, revela se há polimorfismos, e este conhecimento permite a correta suplementação.

REFERÊNCIAS

PU, D., SHEN, Y., WU, J., 2013. Association between MTHFR gene polymorphisms and the risk of autism Spectrum disorders: a meta-analysis. Autism Res. 6, 384–392. https://doi.org/10.1002/aur.1300 

RAI, V., 2016. Association of methylenetetrahydrofolate reductase (MTHFR) gene C677T polymorphism with autism: evidence of genetic susceptibility. Metab. Brain Dis. 31, 727–735. https://doi.org/10.1007/s11011-016-9815-0

SADEGHIYEH, Tahereh; DASTGHEIB, Seyed Alireza; MIRZAEE-KHORAMABADI, Khadijeh; MOROVATI-SHARIFABAD, Majid; AKBARIAN-BAFGHI, Mohammad Javad; POURSHARIF, Zahra; MIRJALILI, Seyed Reza; NEAMATZADEH, Hossein. Association of MTHFR 677C>T and 1298A>C polymorphisms with susceptibility to autism: a systematic review and meta-analysis. Asian Journal Of Psychiatry, [S.L.], v. 46, n. , p. 54-61, dez. 2019. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.ajp.2019.09.016
VUONG, Helen E.; HSIAO, Elaine Y.. Emerging Roles for the Gut Microbiome in Autism Spectrum Disorder. Biological Psychiatry, [S.L.], v. 81, n. 5, p. 411-423, mar. 2017. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.biopsych.2016.08.024.