A medicina contemporânea está passando por mudanças intensas nos últimos tempos: o foco não é mais apenas tratar os sintomas e sim analisar profundamente o paciente. Para a médica Clara Kubelka, atualmente, a medicina vem resgatando maneiras mais humanas e menos fragmentadas de atendimento. “Técnicas milenares como a meditação e a acupuntura se unem a tecnologias como a nutrigenômica e análises genéticas voltadas para um estilo de vida saudável. Neste contexto, a ciência se empenha para entender os mecanismos de ação e fisiologia envolvidos”, explica a especialista em medicina integrativa.

No final do ano passado, Clara apresentou na pós-graduação em Medicina Integrativa pelo IIEP Albert Einstein, um estudo que relaciona a meditação com o bem-estar.  “As pesquisas mostram que quando meditamos, fazemos acupuntura ou nos alimentamos bem, mudamos a forma como nossos genes se expressam, alterando para um padrão benéfico de expressão e também contribuindo para um microbioma (flora intestinal) mais saudável”, explica Clara, acrescentando que a epigenética é a ciência que relaciona o estilo de vida com a genética.

No estudo piloto, a médica utilizou uma intervenção de estilo de vida de sete semanas e fez análises de sangue, expressão genica e microbiota antes e após a intervenção com o objetivo entender melhor o que acontece em nível molecular. “As análises de expressão genica e de microbiota serão cada vez mais acessíveis e poderemos acompanhar o progresso das intervenções de estilo de vida nos pacientes. Saberemos, também, se genes que tem impacto negativo em nossa saúde foram silenciados e se os que tem impacto positivo estão sendo ativados”, ressalta a médica, enfatizando que com o avanço dos estudos em epigenética será possível individualizar ainda mais os tratamentos dependendo das necessidades observadas em nível de DNA do paciente.