As interações entre genética e o ambiente estão na base do desenvolvimento de diversas doenças. Os genes definem a susceptibilidade a uma determinada condição ou doença e fatores ambientais como a dieta e o exercício físico, por exemplo, determinam entre os indivíduos susceptíveis, os que irão desenvolver essa condição ou doença. Cada dia mais os avanços das técnicas de Biologia Molecular e Genômica, facilitam o estudo da interação dos alimentos com o DNA em nível molecular.

Diversas variantes genéticas importantes para a nutrição já foram identificadas e relacionadas com o metabolismo de micronutrientes como o folato, manutenção dos níveis de ferro, metabolismo de lipídeos, manutenção da saúde óssea, equilíbrio da função imunológica, entre outros. Alguns alimentos também são capazes de causar reações adversas específicas em indivíduos com determinados genótipos, como no caso do glúten na doença celíaca, ligada a presença de genes que codificam as moléculas HLA-DQ2 e HLA-DQ8 e indivíduos que apresentam o genótipo que confere a não persistência da enzima lactase, condição conhecida como intolerância à lactose.

Quais os principais objetivos da Nutrigenômica?

1 – Identificação das necessidades nutricionais específicas em relação às diferentes populações e em relação aos indivíduos, com o objetivo de determinar uma dieta baseada nas necessidades individuais, de acordo com a constituição genética de cada indivíduo.

2- Identificação da interação entre os diferentes alimentos e os genes com o objetivo de definir quais alimentos estimulam a expressão de genes relacionados ao desenvolvimento de determinadas doenças, processos metabólicos, funcionamento do sistema imune, sistema nervoso etc. Identificando assim quais os alimentos devem ser incluídos na dieta para a manutenção da saúde.

3- Desenvolvimento de alimentos adequados às necessidades nutricionais dos diferentes tipos de perfis genéticos ou grupos de indivíduos com genótipos específicos.

Recomendações atuais de dieta baseadas em estudos de nutrigenômica  

  • Avaliação dos genótipos de susceptibilidade a obesidade e sobrepeso quando forem realizados os cálculos de quantidades de calorias a serem ingeridas.
  • Deve ser levado em consideração o balanço entre o ácido graxo ômega-6 e ômega-3, que devem ser consistentes com o conhecimento evolutivo que se tem em relação à dieta humana. Consumo diminuído de óleos ricos em ácido graxo ômega-6 (ex: óleo de milho, girassol, soja) e aumento do consumo de óleos ricos em ácido graxo ômega-3 (ex: canola, linhaça, chia e oliva). Esses óleos estimulam a expressão de genes relacionados ao metabolismo de lipídeos, estimulando uma dieta mais saudável e preventiva.
  • Consumo de 7 ou mais porções de frutas e vegetais e ingestão de vitamina D (1.500 – 2.000 UI) diariamente.
  • Restrição do consumo de sal, principalmente em indivíduos que possuem o genótipo de susceptibilidade para o desenvolvimento de hipertensão arterial.
  • Suplementação de ácido fólico com base nos genótipos individuais.
  • Hábitos nutricionais inadequados podem aumentar de forma considerável a ingestão de compostos que podem aumentar os níveis de mutações no DNA, alterando assim, a expressão de genes essenciais para manutenção da integridade do genoma e da saúde.
  • As variantes genéticas, também conhecidas como polimorfismos genéticos podem afetar a atividade de proteínas do organismo que controlam a biodisponibilidade de nutrientes ou que estão envolvidas no processo metabólico em geral.

O entendimento do papel da dieta na variação da expressão do genoma e o papel da genética na variação da resposta à dieta são fundamentais para o entendimento da saúde humana.