A prevalência da obesidade triplicou em muitos países desde os anos 80 e a porcentagem de pessoas com excesso de peso continua aumentando de maneira importante. O problema da obesidade e do sobrepeso vai além da aparência física, o excesso de peso contribui também para o aparecimento de comorbidades, como diabetes do tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão e alguns tipos de câncer. Diversas explicações são dadas para justificar esse aumento no número de indivíduos acima do peso, a principal é o aumento no consumo de calorias e a pouca atividade física que estão associados ao estilo de vida moderno.

Na obesidade ocorre um desequilíbrio energético, no qual a quantidade de energia ingerida excede a energia despendida. A regulação da homeostase energética é um processo complexo, por isso, ainda é um desafio tentar elucidar a patogênese da obesidade. Embora o estilo de vida desempenhe um papel importante na etiologia da doença, a susceptibilidade genética também é responsável pelo aumento do risco individual de desenvolver o sobrepeso e a obesidade.

Há alguns casos raros de obesidade que são atribuídos a mutações em um único gene, entretanto, na obesidade comum, de etiologia complexa, observam-se diversas variantes genéticas associadas. Essas variantes ocorrem em numerosos genes que podem estar envolvidos com vias chaves no comportamento de ingestão e metabolismo dos alimentos.

O gene FTO (Fat Mass and Obesity Associated Gene) é um exemplo, variações nesse gene estão associadas com o aumento do Índice de Massa Corpórea (IMC) em diversas populações. De acordo com um estudo, os indivíduos que possuíam essa variação em homozigose, apresentaram um aumento de 3 quilogramas no peso corporal e um risco maior de desenvolver obesidade. Ainda não se tem conhecimento de como essas variações podem influenciar o maior acúmulo de gordura corporal, supõe-se que elas possam estar relacionadas com uma estimulação do hipotálamo para poupar os estoques de gordura através da diminuição da saciedade e/ou do aumento da capacidade de captação de gordura pelos adipócitos. Alguns estudos posteriores verificaram que o efeito dessa variante poderia ser atenuado através de atividades físicas diárias.

Muitos outros genes envolvidos no metabolismo e transporte de nutrientes, na remoção de toxinas e na proteção contra a oxidação têm sido estudados pela Nutrigenômica.  Muitas variantes já foram identificadas como de susceptibilidade para o ganho de peso, aumento de triglicerídeos, aumento no nível de insulina, entre outros. O objetivo da Nutrigenômica é estabelecer uma dieta personalizada de acordo com a variação genética de cada indivíduo, visando à perda de peso e o controle de comorbidades associadas.