No dia da abertura da Copa do Mundo, um quesito chama a atenção: a preparação física dos jogadores de futebol. Por que, em meio a tantos jogadores amadores, alguns se destacam tanto a ponto de participarem do mundial? A medicina genômica já tem algumas respostas. É possível saber, por exemplo, o motivo de alguns jogadores serem mais rápidos ou terem mais resistência do que outros.

A influência da genética pode ser realmente um fator decisivo, mas intensidade e a eficiência do treino, além de fatores como alimentação e dedicação do atleta contam. Pesquisas recentes apontam, por exemplo, que o gene ACTN3 está relacionado à modulação da resposta do organismo ao exercício físico. Desta forma, com uma análise do DNA é possível indicar qual modalidade esportiva e tipo de treinamento são mais indicados para cada um.

É importante destacar que os testes de perfil genético contribuem justamente para as adaptações nos treinamentos. Com os resultados, o treinador passa a conhecer exatamente as necessidades do DNA, as fragilidades e o que tem que ser melhor trabalhado. Por exemplo, os indivíduos que possuem mutação no geneACTN3 tendem a apresentar um desempenho inferior em provas de explosão, entretanto apresentam melhor desempenho quando se trata de resistência. Já os que possuem versões mais fortes desse gene têm mais força em momentos que exigem explosão e força muscular, que provocam mais contrações forçadas e repetidas. 

Photo by Vienna Reyes on Unsplash

Desta forma, os testes de perfil genético têm sido cada vez mais usados por treinadores e clubes, uma vez que é possível identificar os atletas em potenciais. Essa descoberta pode ser uma grande aliada ainda na infância. Ao incentivar as crianças para a prática de atividade física, conhecer como o organismo vai reagir a determinada modalidade esportiva ajuda a otimizar o treinamento. Mas um fator deve ser observado: não é indicado que a criança seja desencorajada a praticar o esporte que mais lhe encanta mesmo que tenha mais predisposição genética a ter êxito em outra modalidade. O ideal é apresentar todas as possibilidades.

É importante destacar que no futebol, assim como em diversas modalidades esportivas, além da genética, fatores ambientais como equilíbrio mental contam. A análise genética contribui para um treinamento cada vez mais eficaz e individualizado, mas não pode ser fator de exclusão de atletas. “O objetivo do BioSport é avaliar características que possibilitarão conhecer melhor o organismo de cada indivíduo e assim planejar toda uma conduta, como treinamento e alimentação específicos, e atingir um potencial de forma direta. O mais importante é sair da tentativa e erro, e buscar um resultado mais efetivo, trabalhando o ponto forte de cada um”, alerta a geneticista Lia Kubelka Back.

Ressalta-se que com o BioSport é possível saber se o genótipo está associado a uma propensão maior para o desenvolvimento de lesões em tendões e ligamentos, em relação ao marcador analisado.  O teste de perfil genético analisa ainda a capacidade aeróbica, modalidade de exercício físico ideal, potencial de recuperação pós-exercício, níveis de lactato e fadiga muscular.