O invisível gera muitas dúvidas, mas ao mesmo tempo chama a atenção, principalmente de cientistas. Sempre em buscas de respostas sobre os trilhões de microrganismos que habitam o corpo humano, pesquisadores chegaram a uma conclusão: a maior parte do nosso organismo não é humana.  Para Rob Knight, da Universidade de San Diego, somos formados por 43% de células humanas e 57% de microrganismos. Diante de um universo infinito de seres invisíveis vivendo em nosso corpo humano, o desafio agora é entender a importância deles para o aumento da qualidade de vida, o que contribui para a prevenção e cura de doenças, como câncer e obesidade.

Atualmente, o número de pesquisas sobre o microbioma – conjunto de genes de bactérias e outros microrganismos (vírus, fungos e arqueas) que habitam o nosso corpo – é cada vez maior. A magnitude é tanta que, nesta quarta-feira (27/06), vai ser comemorado o Dia Internacional da Microbioma, marcando a importância da incontestável influência destes estudos para a saúde humana.

Para a pesquisadora e geneticista Lia Kubelka Back, da Biogenetika, o microbioma pode ser entendido como o nosso segundo genoma. O genoma humano possui aproximadamente 22.000 genes, no entanto, se se levarmos em consideração todos os genes do microbioma atingiremos um número muito superior, entre 2 milhões a 20 milhões de genes. Ao analisar esses genes, cientistas estão avançando nas descobertas sobre a importância do microbioma para diversos aspectos relacionados a saude e bem-estar. 

“Juntos, esses trilhões de microrganismos cumprem funções vitais, como digestão de alimentos, metabolização de medicamentos, modulação do sistema imunológico, produção de hormônios, entre outros aspectos vitais. De maneira simplificada, somos apenas 10% humanos”, explica Lia.

Uma outra importante descoberta é que apesar de cada microorganismo “atuar” em uma determinada parte do corpo humano – boca, pele, órgãos sexuais – o organismo tem um órgão destinado a acumular ainda mais bactérias, o cólon. E, por isso, não só devemos alimentar nosso corpo, mas também as bactérias que vivem nele. Alimentos probióticos e prebióticos possuem justamente com a propriedade de estimular o crescimento no cólon destas bactérias benéficas.

Com o nosso modelo nutricional, oferecemos cada vez mais alimentos ultra processados para a microbiota – conjunto de microorganismos. Se antes a microbiota ajudava na nossa digestão, hoje, ganham alimentos facilmente, deixando os microrganismos do nosso intestino preguiçosos e exigentes. Desta forma, a microbiota passa a pedir o alimento errado, alterando ainda mais nossos hábitos alimentares e desequilibrando o metabolismo.

Com isso, a ideia de que as bactérias são as causadoras de doenças vai por água abaixo. “O que causa problemas é o desequilíbrio entre esse universo invisível. As bactérias que benéficas  a saúde estão diminuindo, enquanto as bactérias ruins estão conseguindo sobressair em relação as que nos protegem”, explica Lia Kubelka Back, acrescentando que o desequilíbrio do microbioma ajuda no processo de câncer e pode prejudicar inclusive a efetividade de alguns tratamentos.

Para melhorar a diversidade do microbioma e, consequentemente, a qualidade de vida é preciso esforço: adotar uma dieta balanceada – com mais fibras, vegetais -, ingerir mais líquido, praticar atividade física, além de praticar atividades que contribuam para o relaxamento mental, como a meditação. tudo isso ser’a muito recompensado, com uma vida mais equilibrada e feliz!