Estar no peso ideal é uma das maiores preocupações das pessoas que procuram manter uma dieta e rotina adequadas contra a obesidade. No entanto, o número que aparece na balança nem sempre significa que está tudo certo, pois o acúmulo de gordura não depende necessariamente disso. Existem três fatores muito importantes neste processo: síndrome metabólica, gordura visceral e polimorfismo no gene FTO. É sobre eles que vamos falar hoje.

Síndrome metabólica: do que se trata

A síndrome metabólica é diagnosticada quando há presença de pelo menos três dos seguintes fatores:

– Grande quantidade de gordura abdominal, medida de acordo com a circunferência da cintura, que varia entre homens e mulheres:

Homens: mais de 102 cm

Mulheres: mais de 88 cm

Baixo HDL (conhecido também como “colesterol bom”), que também varia entre homens e mulheres:

Homens: menos que 40mg/dl

Mulheres: menos do que 50mg/dl

Triglicerídeos elevados (níveis de gordura no sangue), a partir de 150mg/dl (tanto homens quanto mulheres)

Pressão sanguínea elevada, a partir de 135/85 mmHg ou já estar utilizando medicamentos para redução de pressão arterial.

Glicose elevada, a partir de 110mg/dl.

Quando uma pessoa apresenta, no mínimo, três destes itens, já é considerada portadora da síndrome metabólica, fazendo com que tenha mais chances de desenvolver doenças cardíacas, derrames e diabetes. O risco de desenvolver a síndrome metabólica aumenta com o envelhecimento, mas outros fatores também influenciam, e o sedentarismo é um deles.

A pessoa portadora de síndrome metabólica precisa realizar um tratamento que inclui controle do peso e exercícios físicos e, em alguns casos, medicamentos que auxiliam no controle da glicose, do colesterol sanguíneos e da pressão arterial.

Gordura visceral ou obesidade central: o que é e como tratar

A gordura visceral, também conhecida como obesidade central, nada mais é do que a famosa barriga saliente. Qualquer excesso de gordura é considerado perigoso, mas este é ainda mais, pois cobre órgãos vitais, como fígado, estômago, intestino e coração. Isso faz com que eles tenham mais dificuldade para funcionar, aumentando o risco de desenvolver síndrome metabólica, sobre a qual falamos no início deste texto.

Uma forma fácil de inferir se existe gordura visceral é medir a cintura (dois dedos acima do umbigo), pois a gordura visceral se reflete no aumento da gordura abdominal. Em homens, este número não pode ultrapassar 102 cm, enquanto em mulheres, o máximo deve ser 88 cm. Mas, para um diagnóstico médico, uma ultrassom de abdome total será necessária.

A boa notícia é que existem estratégias para diminuir a gordura visceral, e elas envolvem basicamente dieta e exercícios. Neste caso, vale ressaltar a importância de procurar profissionais especializados (nutricionista e educador físico respectivamente, além do médico que tenha realizado o diagnóstico).

Em relação à alimentação, o ideal é diminuir o consumo de carboidratos refinados, como açúcar e farinhas brancas, em especial dos xaropes de bebidas adoçadas e produtos industrializados doces, sucos concentrados, assim como evitar bebidas alcoólicas. Alguns alimentos podem auxiliar na rotina de quem está passando por um tratamento para diminuir a gordura visceral. São eles: 

  • Frutas menos doces, como pera, morango, kiwi, abacaxi e melão;
  • Folhas, como acelga, espinafre, alface, couve, rúcula e salsão;
  • Legumes, como abóbora, abobrinha, pepino, beterraba, tomate e cebola;
  • Carnes magras, como peixes (pescada, linguado, robalo, dourado), frango e peru;
  • Oleaginosas e sementes, como amêndoas, nozes, avelãs, sementes de chia, linhaça, abóbora ou girassol.

Alimentos termogênicos, como canela, café, gengibre e chá verde, também podem ser inseridos na dieta, pois aceleram o metabolismo e facilitam a perda de gordura. Só que é importante saber que estes produtos devem estar associados à prática de exercícios físicos e, no caso da gordura visceral, os mais eficientes parecem ser os aeróbicos. É importante manter uma rotina que inclua atividades diárias de, no mínimo, 30 minutos.

Aproveitamos para reforçar um assunto muito importante: a lipoaspiração não elimina a gordura visceral. Muitas pessoas recorrem a este procedimento quando percebem uma barriga saliente, mas ele não é eficaz para a gordura visceral, pois retira apenas a gordura localizada abaixo da pele.

Como a gordura visceral é mais profunda, estando localizada junto aos órgãos, a lipoaspiração não chega até ela. Portanto, ter uma barriga retinha não significa ausência de gordura central, ainda mais levando em consideração o fato de que muitas pessoas realizam este procedimento, mas não mantêm atividades físicas e dieta saudável depois. 

Poliformismo no gene FTO: outro causador do acúmulo de gordura

Maus hábitos, sedentarismo, alimentação inadequada e disfunções endócrinas são grandes causadores de obesidade. Porém, existe outro fator que deve ser analisado: a predisposição genética.

Há dois genes mais estudados em relação ao aumento de risco de sobrepeso e obesidade, o FTO e o MC4R (ambos são analisados no painel BioDiet, teste realizado pela Biogenetika que reúne informações de vários genes relacionados à alimentação.).

“No caso do FTO, já contamos com informações importantes que nos permitem silenciar a expressão do gene quando existem polimorfismos”, explica a Dra. Julieta Ferreyra Ritta (uma das nutricionistas da Biogenetika), no e-book que publicamos neste link. “Para entendermos melhor, existem três possibilidades de genótipo. Primeiro, a pessoa pode ter um genótipo TT, que não tem o alelo variante A, ou seja, é normal e não sofre dificuldades relacionadas a esse gene. Na segunda opção, temos o heterozigoto TA, que tem um alelo variante A, herdado do pai ou da mãe, nesse caso já existe uma predisposição ao aumento de gordura corporal, que pode ser silenciada com a prática de atividade física. A terceira e última possibilidade é o genótipo AA, que é homozigoto alterado, por ter os dois alelos variantes, herdados tanto do pai como da mãe, nesse caso, pode ser mais difícil perder peso, em especial se a pessoa não pratica atividade física e não se alimenta de forma adequada considerando a sua genética.”

Portanto, quando o genótipo é homozigoto AA, a expressão é mais forte e a pessoa realmente tem uma tendência maior para sobrepeso e obesidade e, em geral, tem menores níveis de saciedade e busca mais comidas calóricas. Como mencionado acima, quando esse genótipo tem um A ou dois As, existe a possibilidade de silenciar a expressão do gene com a prática de atividade física regular (moderada a intensa, pelo menos 60 minutos, três vezes por semana) diminuindo o acúmulo de gordura corporal e evitando o sobrepeso.

“Isso é muito característico em pessoas que possuem variação no gene, mas praticam atividades físicas desde muito novas ou foram atletas e nunca tiveram problemas de sobrepeso”, explica Dra. Julieta. “Nesses casos a alteração do gene não se expressou. É muito característico também em pessoas que param de fazer atividade física e logo engordam com facilidade ou possuem grande dificuldade de emagrecer se não praticam nenhum esporte. Essas pessoas custam a emagrecer se cuidarem apenas da alimentação, tendo mais resultados quando aliam a atividade física com a dieta.”

Autoconhecimento: nosso maior aliado

Para saber se o seu peso está de acordo com a sua altura, um cálculo simples pode se realizado (IMC):

Cálculo de IMC 

IMC = peso ÷ altura²

IMCCLASSIFICAÇÃO
Até 18,4Abaixo do Peso
De 18,5 a 24,9Peso Normal
De 25 a 29,9Sobrepeso
De 30 a 34,9Obesidade Grau 1
De 35 a 39,9Obesidade Grau 2
Acima de 40Obesidade Grau 3

Estar com o peso normal, no entanto, não significa ausência de gordura. Pode ser que haja um acúmulo de gordura “escondido” (que poderá ser identificado com avaliações físicas mais completas), bem como alterações em índices de colesterol, triglicerídeos, glicose e insulina, entre outros (que serão avaliados com exames sanguíneos).

Isso indica que a saúde metabólica não está em dia, e ela é fundamental para a prevenção da obesidade, doenças cardiovasculares e câncer, que são hoje as doenças mais preocupantes no mundo todo.
Como podemos ver, a prevenção da síndrome metabólica depende de diversos fatores. É fundamental manter uma dieta baseada em alimentos saudáveis e uma rotina que inclua atividades físicas. É importante também conhecer o próprio corpo, com testes como o BioDiet, que revela fatores genéticos e informações relevantes que podem ser colocadas a seu favor para manter um peso adequado e prevenir doenças.