Vários são os fatores de risco para câncer de mama e estes aumentam com a idade. Dentre estes fatores estão a exposição prolongada aos hormônios femininos (menarca precoce, menopausa tardia, reposição hormonal), mutações genéticas (BRCA1, BRCA2), mama densa, obesidade, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, história familiar de câncer de mama, história pessoal de doenças neoplásicas. Já a atividade física, gestações bem-sucedidas e amamentação são fatores de proteção.

Existem quatro subtipos moleculares (intrínsecos) de câncer de mama: luminal A (ER +, baixa capacidade proliferativa), luminal B (ER +, alta capacidade proliferativa), enriquecido com HER2 (ER−, HER2 +) e do tipo basal (mama triplo negativo câncer, TNBC).

A forma atual do metabolismo das células cancerosas é fortemente regulada pelo microambiente tumoral: a abundância de colágeno [96], as citocinas circulantes [97] ou os adipócitos ao redor do tumor [52] são todos os principais determinantes do metabolismo das células cancerígenas e agora descobertos, os metabólitos bacterianos, que são produzidos pelo microbioma intestinal.

A disbiose (composição anormal ou má adaptação da comunidade microbiana – o microbioma – de um determinado organismo ou compartimento do organismo). A disbiose interrompe a função normal da comunidade microbiana ao dificultar as relações simbióticas na comunidade. Pode ocorrer quando a composição ou a biomassa bacteriana mudam. Caracteriza várias doenças neoplásicas, incluindo câncer de mama. A maior comunidade microbiana reside no intestino, mas também temos microrganismos na mama que deve ser levado em consideração.

O próprio microbioma da mama também é alterado e se correlaciona ao subtipo molecular do câncer, e muda dependendo do grau e agressividade da doença. Essa, ainda, mal caracterizada comunidade bacteriana encontrada nos dutos de leite da mama também exibe disbiose no câncer de mama. Também há mudanças no viroma e fungoma mamário.

O microbioma fecal também é caracterizado por alterações em indivíduos com câncer de mama. Uma série de estudos que ilustram que a diversidade do microbioma intestinal diminui em pacientes com câncer de mama em comparação com controles saudáveis ​​e a abundância relativa de Clostridiales aumenta em indivíduos com câncer de mama. As reduções mais dramáticas foram observadas no câncer de mama em estágio inicial (estágio 0 e estágio 1). Já nos estágios II e III há aumento da diversidade. Mas há conflitos na literatura quanto a estas questões.

A diversidade do microbioma intestinal muda de forma diferente em pacientes com câncer de mama na pré e pós-menopausa. Esses estudos reforçam as observações de que as diminuições na diversidade (diferentes tipos de bactérias) do microbioma aumentam o risco de câncer de mama.

O microbioma e seu hospedeiro realizam interações importantes. O hospedeiro regula o microbioma por seu comportamento alimentar, higiênico e através do seu sistema imunológico. Por sua vez o microbioma também se ajusta a (pato)fisiologia do hospedeiro.

O microbioma produz metabólitos que alcançam o sangue do hospedeiro e as células alvo, onde exercem seu efeito. Alguns metabólitos de bactérias, como o ácido litocólico (LCA) produzido principalmente pelos Clostridiales, ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs) obtido pela fermentação das fibras, cadaverina e estrogênios desconjugados, modulam o comportamento do câncer de mama.

As bactérias do microbioma podem interferir na quimio (ativando ou inativando) e radioterapia no tratamento e manejo do câncer, o que também é verdadeiro para o câncer de mama. Assim como as terapias modulam o microbioma. O microbioma pode modular a gravidade da mucosite induzida por radiação e pode proteger contra a toxicidade induzida por radiação.

REFERENCIA:  MIKÓ, Edit; KOVÁCS, Tünde; SEBő, Éva; TÓTH, Judit; CSONKA, Tamás; UJLAKI, Gyula; SIPOS, Adrienn; SZABÓ, Judit; MÉHES, Gábor; BAI, Péter. Microbiome—Microbial Metabolome—Cancer Cell Interactions in Breast Cancer—Familiar, but Unexplored. Cells, [S.L.], v. 8, n. 4, p. 293-326, 29 mar. 2019. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/cells8040293.