O corpo humano é habitado por grande número de microrganismos que vivem em constante interação, influenciando e sendo influenciados pela fisiologia do seu hospedeiro, a maior parte vive no trato gastrointestinal. A composição e função da microbiota intestinal são sensíveis a uma variedade de fatores ambientais, incluindo sono, atividade física ou comportamento sedentário, hidratação e dieta.

Grande atenção é dada para a interação da alimentação com a microbiota intestinal, provavelmente por seu papel chave na modulação rápida da composição do microbioma intestinal em humanos. De forma mais recente o exercício físico emergiu como um poderoso modulador da composição e da atividade metabólica da microbiota intestinal, pois os exercícios induzem alterações na microbiota intestinal que são independentes da dieta e que são revertidas quando estes cessam.

Tanto os exercícios moderados como os intensos fazem parte do regime de treino dos atletas de resistência, mas estes exercem diferentes efeitos na saúde. 

Os exercícios moderados estão relacionados à redução da inflamação, da permeabilidade intestinal e na melhoria da composição corporal, o que tem efeitos benéficos para a saúde. Por outro lado, os exercícios intensos podem aumentar a permeabilidade intestinal e diminuir o muco, aumentando as chances de translocação bacteriana que leva ao aumento da inflamação, o que de forma contínua é ruim. No entanto, atletas de elite parecem ter uma maior diversidade microbiana intestinal relacionada às espécies envolvidas na produção de componentes favoráveis à saúde, havendo uma relação bidirecional entre os exercícios e a microbiota intestinal.

De forma geral os benefícios do exercício físico crônico na microbiota intestinal incluem: aumento da produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), aumento da integridade epitelial intestinal, aumento de bactérias degradadoras de mucina e aumento da capacidade de captação de energia, como pode ser observado na Figura 1, o que leva a um melhor estado de saúde.

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Figura 1. Adaptação da microbiota intestinal em atletas com demonstração esquemática do conceito do ecossistema de sintrofia, onde as espécies bacterianas intestinais hidrolisam as fibras para fermentar AGCC. Fonte: CLAUSS et al. (2021).

A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de atividades físicas moderadas por no mínimo 150 minutos na semana foram eficazes para modificar a composição da microbiota intestinal em diversos gêneros bacterianos, com destaque para Faecalibacterium prausnitzii, Roseburia hominis e Akkermansia miciniphila, além de propiciar a redução de Proteobacterias. Também é possível relacionar o aumento na abundância do gênero Prevotella, Lactobacillus e Bifidobcterium com maior quantidade de exercícios físicos semanais. De forma geral, estas espécies e gêneros se revelam favoráveis à saúde.

De forma semelhante, os exercícios físicos agudos e de muito curto prazo (menos de 3 semanas) podem levar a alterações pontuais na microbiota intestinal geradas pelo exercício físico. Neste sentido, observações realizadas em corredores após maratonas e em remadores olímpicos, que apresentaram aumento de abundância relativa do gênero Veillonella, mais especificamente de Veillonella atypica. A relação de benefício identificada é a capacidade desta bactéria intestinal em metabolizar o lactato produzido durante os exercícios físicos intensos em propionato, um AGCC. 

Quanto à análise de funcionalidade, através das vias microbianas, houve um aumento das vias associadas ao metabolismo energético o que pode, talvez, se relacionar ao aumento da necessidade energética do hospedeiro no momento do exercício agudo.

Entretanto, o exercício agudo pode ter efeitos limitados para influenciar a estrutura da comunidade microbiana que normalmente é estável e resiliente. Nem todos os indivíduos respondem da mesma forma ao exercício agudo e o estado de treinamento foi levantado como um ponto importante para as diferentes respostas.

A alimentação saudável e equilibrada, e os exercícios físicos moderados a intensos de forma constante podem impactar de forma positiva a composição da microbiota intestinal humana, levando a melhora geral no estado de saúde e na estabilidade do microbioma.

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REFERÊNCIAS

CLAUSS, Matthieu; GÉRARD, Philippe; MOSCA, Alexis; LECLERC, Marion. Interplay Between Exercise and Gut Microbiome in the Context of Human Health and Performance. Frontiers In Nutrition, [S.L.], v. 8, p. 1-15, 10 jun. 2021. Frontiers Media SA. http://dx.doi.org/10.3389/fnut.2021.637010
GROSICKI, Gregory J.; LANGAN, Sean P.; BAGLEY, James R.; GALPIN, Andrew J.; GARNER, Dan; HAMPTON‐MARCELL, Jarrad T.; ALLEN, Jacob M.; ROBINSON, Austin T.. Gut check: unveiling the influence of acute exercise on the gut microbiota. Experimental Physiology, [S.L.], p. 1-15, 13 set. 2023. Wiley. http://dx.doi.org/10.1113/ep091446.