APOE4 e Doença de Alzheimer

A Doença de Alzheimer (DA) é uma doença progressiva que acomete o cérebro. Ela caracteriza-se por mudanças na estrutura cerebral que resultam em perda de neurônios e de suas conexões. Isso, aliado a outros fatores, leva ao comprometimento da habilidade de pensar e de lembrar.

O alelo APOE4 é o fator de risco genético mais estudado para o desenvolvimento de DA de início tardio. Apesar de ser um forte fator de risco para a doença, nem todos os portadores do alelo APOE4 desenvolvem DA, mesmo naqueles com mais de 90 anos de idade.

É provável que haja uma complexa interação entre a vulnerabilidade genética com os fatores de risco ambientais relacionados a DA, de modo que identificar e ter conhecimento desses fatores é benéfico para a prevenção do desenvolvimento da patologia.

Fatores ambientais relacionado a Doença de Alzheimer

Muitos são os fatores ambientais que estão associados ao aumento no risco de desenvolver DA. Alguns dos principais são sedentarismo, hábitos alimentares, tabagismo, exposição a toxinas e infecções.

A exposição a infecções recorrentes como, por exemplo, infecções gastrointestinais, respiratórias, urinarias etc., são muitas vezes comuns, principalmente em indivíduos mais idosos, e estão associadas ao aumento de marcadores séricos de inflamação, como da proteína c-reativa (PCR).

Inflamação e Doença de Alzheimer

A PCR é uma resposta imunológica frente a inflamações sistêmicas causadas por exposição a toxinas ou injúrias. Essa proteína também aumenta com a idade, ou seja, quanto mais velhos ficamos, maiores os nossos níveis de PCR.

Devido ao fato de a DA ser uma doença neurodegenerativa crônica, a inflamação crônica de baixo grau, constante ou episódica e frequente, pode ser um fator de risco para a DA.

APOE e inflamação

Um estudo de coorte, com 20 anos de acompanhamento publicado no JAMA em 2018, do qual participaram 2656 indivíduos, avaliou se indivíduos com diferentes genótipos de APOE apresentavam correlação entre os níveis séricos de PCR (avaliados 2x ou mais) refletindo inflamação de baixo grau e o diagnóstico de DA.

Os achados do estudo mostram que a presença do alelo APOE4 em associação com inflamação crônica de baixo grau, caracterizada por níveis de PCR de 8mg/L ou mais, de fato estão associados ao aumento do risco de DA, especialmente nos indivíduos que não apresentam doença cardiovascular associada.

Além disso, a presença do APOE4 associada a inflamação crônica de baixo grau esta associada ao desenvolvimento de DA de forma mais precoce, quando comparada aos indivíduos que não apresentam esses fatores.

Conclusão

Muitos são os fatores que contribuem para o desenvolvimento de DA. Mas também são muitas as formas de prevenção que temos disponíveis.

Conhecer a sua genética e controlar seus níveis de inflamação são dois fatores essenciais para otimizar a prevenção não só de DA, mas também de muitas outras.

Referencias:

Tao Q, Ang TFA, DeCarli C, et al. Association of Chronic Low-grade Inflammation With Risk of Alzheimer Disease in ApoE4 Carriers. JAMA Netw Open. 2018;1(6):e183597. doi:10.1001/jamanetworkopen.2018.3597 Rahman, M.A., Rahman, M.S., Uddin, M.J. et al. Emerging risk of environmental factors: insight mechanisms of Alzheimer’s diseases. Environ Sci Pollut Res 27, 44659–44672 (2020). https://doi.org/10.1007/s11356-020-08243-z