Efeitos da alimentação no microbioma intestinal relacionado à depressão e ansiedade
As desordens psiquiátricas são tradicionalmente consideradas doenças do cérebro. Entretanto, muitas evidências têm apontado para uma sinalização alterada no que hoje é conhecido como eixo cérebro-intestino. Essa alteração ocorre em condições como ansiedade, depressão, dentre outras e muitas vezes aparecem em pessoas que apresentam quadros de doenças intestinais.
O microbioma intestinal interage com o cérebro por meio de três vias de interação: neuronal, endócrina e imunorregulatória. De forma reversa, o sistema nervoso central pode influenciar a composição e função da microbiota intestinal, como pode ser visto na figura 1.
Os nutrientes são fundamentais para o bom desenvolvimento e funcionamento cerebral. Deficiências nutricionais comprometem o funcionamento cerebral. Estes nutrientes, já bem estudados, são absorvidos no intestino delgado proximal.
Algumas substâncias possuem estruturas complexas, por isso não são absorvidas no intestino delgado proximal, participando do metabolismo do intestino delgado distal e do cólon. São nestas regiões intestinais onde a grande massa de bactérias intestinais habita. Então, estas substâncias não absorvidas determinam a composição e a função do microbioma intestinal.
Alguns distúrbios cerebrais incluem moléculas, metabólitos e mecanismos microbianos que relacionam a dieta como fonte de influência para o cérebro. Dentre estes, podem ser citados os ácidos graxos de cadeia curta, os metabólitos do aminoácido triptofano, os metabólitos de ácidos biliares e processos imunes mediados.
Depressão e Ansiedade
Dietas pró-inflamatórias, rica em gorduras e proteínas de origem animal processadas, estão associadas a maior incidência de sintomas depressivos, mesmo entre as pessoas sem diagnóstico de transtorno mental.
Por outro lado, diferentes estudos revelaram que a alimentação baseada em vegetais (Plant Based Diet), frutas, rica em fibras, polifenóis e peixes pode reduzir os sintomas de depressão, quando comparada a outros tipos de alimentação.
Um estudo de metanálise, reuniu mais de 45 mil indivíduos, e verificou que as pessoas com depressão que seguiram dietas baseadas em vegetais atingiram melhora importante nos sintomas depressivos, principalmente quando recebiam acompanhamento nutricional individualizado.
Alguns nutrientes, como folato, zinco, magnésio, selênio, cálcio, vitamina D, ômega-3 estão associados com uma proteção em relação aos transtornos depressivos e aos transtornos de ansiedade.
A qualidade de sono, assim como a suplementação supervisionada de melatonina pode auxiliar no tratamento da ansiedade.
Em um grande estudo, na população Flamenca, foram avaliadas as relações do microbioma intestinal e a qualidade de vida e depressão. Observaram associação com as bactérias Faecalibacterium e Coprococcus nos indivíduos cujos índices de qualidade de vida eram mais elevados. Já nos indivíduos com depressão, estavam esgotados Dialister e Coprococcus spp., mesmo com o uso de antidepressivos.
Os participantes, com baixa abundância de Bacteroides, apresentaram menores índices de qualidade de vida e, maior prevalência de depressão.
Análise do Microbioma Intestinal
Ao conhecer seu microbioma intestinal, através do teste Inner Care TRIGGER da Biogenetika, utilizando tecnologia de ponta, é possível traçar estratégias direcionadas à modulação intestinal para melhorar as interações do eixo intestino-cérebro. São indicados alimentos, probióticos e suplementos de forma individualizada para cada perfil de microbioma intestinal.
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REFERÊNCIA
HORN, J.et al. Role of diet and its effects on the gut microbiome in the pathophysiology of mental disorders. Tranlational Psychiatry. Springer Nature. v.164, n.12, 29 mar. 2022.
ONAOLAPO, Olakunle J; ONAOLAPO, Adejoke y. Melatonin in drug addiction and addiction management: exploring an evolving multidimensional relationship. World Journal Of Psychiatry, [S.L.], v. 8, n. 2, p. 64-74, 28 jun. 2018. Baishideng Publishing Group Inc.. http://dx.doi.org/10.5498/wjp.v8.i2.64
Valles-Colomer, M., Falony, G., Darzi, Y. et al. The neuroactive potential of the human gut microbiota in quality of life and depression. Nat Microbiol 4, 623–632 (2019). https://doi.org/10.1038/s41564-018-0337-x (citado no artigo de HORN, 2022).