Relação entre genética e depressão
O que é depressão?
A depressão (tecnicamente conhecida como Depressão maior ou grave ou Transtorno Depressivo Maior) é uma doença que atinge grande parcela da população atualmente.
Seu diagnóstico pode ser feito quando um indivíduo apresenta pelo menos 5 dos sintomas listados abaixo (incluindo necessariamente humor deprimido e perda de interesse ou prazer) por um período maior que duas semanas:
- Sentir-se deprimido a maior parte do tempo e quase todos os dias;
- Prazer diminuído em atividades que antes eram interessantes para o paciente;
- Perda ou ganho de peso não intencional;
- Falta de sono ou excesso de sonolência;
- Problemas psicomotores, sendo agitação ou lentidão nos movimentos;
- Fadiga anormal e frequente;
- Falta de concentração;
- Sentimento de culpa e inutilidade frequente;
- Pensamentos de suicídio ou morte.
Causas da depressão
Muitas podem ser as causas que levam uma pessoa a desenvolver essa doença como, por exemplo, perda de entes queridos, estresse grave, predisposição genética, estilo de vida etc.
Atualmente, sabe-se que a deficiência de folato (vitamina B9, presente nos alimentos) é um fator de risco para o desenvolvimento de depressão.
A falta de folato também está associada a maior severidade dos sintomas de depressão e menor resposta ao tratamento medicamentoso. Interessantemente, a suplementação com ácido fólico (forma sintética do folato) ajuda na melhora os sintomas depressivos.
Genética e depressão
Pessoas com o polimorfismo no gene MTHFR, o qual é responsável pela conversão de folato/ácido fólico em sua forma ativa, chamada de 5-metilenotetrahidrofolato (ou apenas Metilfolato), têm menor efeito benéfico da suplementação de ácido fólico.
Isso acontece porque a alteração nesse gene está associada a baixa produção de Metilfolato no organismo, e, portanto, menor disponibilidade do mesmo para a produção de neurotransmissores no cérebro, incluindo serotonina, dopamina e norepinefrina, responsáveis pela melhora dos sintomas de depressão.
Dessa forma, indivíduos com polimorfismo no MTHFR podem se beneficiar da suplementação de Metilfolato para a melhora dos sintomas depressivos.
Em estudo recente publicado na revista Neurology foi demonstrado que pacientes com depressão que fizeram uso da suplementação de Metilfolato apresentaram uma redução de 25% nos sintomas depressivos avaliados. Um fato interessante é que quanto mais forte o polimorfismo genético (homozigotos X heterozigotos), maior o benefício relatado pelos pacientes em uso de Metilfolato.
Outro estudo, publicado em 2019 demonstrou que adolescentes com depressão em uso de medicação tinham melhoras mais significativas dos sintomas quando suplementavam Metilfolato. Interessantemente, 80% dos adolescentes com diagnostico de depressão tinham polimorfismo no gene MTHFR, indicando uma provável associação entre esses fatores.
O que fazer?
Indivíduos com tendencia a sintomas depressivos ou com diagnóstico de depressão podem ter seu quadro piorado em função da presença de variação no gene MTHFR.
Sendo assim, é essencial investigar a presença desse polimorfismo para que a reposição do Metilfolato possa ser feita, otimizando o tratamento ou prevenindo o desenvolvimento de Transtorno Depressivo.