As doenças autoimunes (DA) ocorrem por respostas desreguladas do sistema imunológico, e resultam em inflamação constante do órgão ou estrutura afetados.

Diversos são os fatores de risco ambientais, como o fumo, contato com produtos químicos tóxicos, infecções e mimetismo celular. Ainda há diversas questões genéticas relacionadas.

Uma outra influência, que vem ganhando cada vez mais atenção, é a composição da microbiota intestinal.

Há alguns anos, diversos estudos indicam que pessoas com doenças autoimunes possuem alterações na microbiota intestinal e no metabolismo relacionado a essa microbiota também.

Esclerose Múltipla (EM)

É caracterizada por inflamação crônica e desmielinização no sistema nervoso central.

Há mais de 10 anos vem-se estudando a influência da microbiota na EM, onde foi encontrado quadro de disbiose intestinal.

Bactérias que atenuam a resposta do sistema imunológico, como por exemplo algumas espécies de Clostridium, foram encontradas reduzidas em pacientes com EM. Ainda, há redução de alguns gêneros, como Prevotella e Parabacteroides.

De forma contrária, Akkermansia muciniphila está comumente aumentada em EM, entretanto mais estudos são necessários para entender esta relação. A bactéria Streptococcus spp., que induz resposta inflamatória em humanos, também se apresentam aumentada em pacientes com EM. É interessante notar que, em pessoas tratadas com terapia imunomoduladora para EM a composição da microbiota é alterada pelo tratamento, levando à redução de Akkermansia muciniphila e aumento de Prevotella.

Artrite reumatóide (AR)

            É marcada por inflamação ou destruição tecidual nas articulações sinoviais. Tanto a microbiota oral, como a intestinal podem estar desreguladas.

            Já em 1960, foi associada a alta frequência de Clostidium perfingens em pacientes com AR. Diferentemente dos estudos em EM o aumento da abundância de Prevotella nas fezes, principalmente Prevotella copri, foi associado à AR. Isso ocorre pois, ao contrário da P. histicola, P. copri, tem ação inflamatória. Foram encontrados anticorpos contra P. copri (Pc-P27) em indivíduos com AR, mas não em pessoas saudáveis. Indicando que a respota imune ao aumento de P. copri pode exercer papel importante para o início da AR.

            Estudos em pacientes com AR mostra uma redução de bactérias produtoras de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), como Faecalibacterium e Bacteroides. O uso de butirato como suplemento, atenuou AR em camundongos.

Diabetes tipo 1 (DM1)

            DM1 têm seu início geralmente na infância, é causada pela destruição das células beta-pancreáticas produtoras de insulina, e é caracterizada pela presença de autoanticorpos contra as células beta.

            Existem evidências crescentes associando a suscetibilidade de DM1 e alelos de HLA específicos presentes no genoma humano, que podem ser identificados por teste genético, como o oferecido MAP Nutrição da Biogenetika.

            Além da suscetibilidade genética, fatores ambientais são importantes, como aleitamento materno, que protege os portadores de genótipo HLA de alto risco, e parto cesáreo, que aumenta o risco pela redução da diversidade microbiana. O uso de antibióticos de forma repetida, em crianças que nasceram por cesariana, também aumenta o risco de desenvolver DM1.

            Um estudo que acompanhou crianças com alelo HLA de alto risco, revelou um aumento de bacteroides dorei antes do desenvolvimento de anticorpos para DM1.

Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)

            É caracterizado por autoanticorpos específicos e dano aos tecidos mediada pela resposta imune. A microbiota tem sido implicada na patogênese da doença, onde o filo dos Firmicutes apresenta-se reduzido, enquanto os Bacteroidetes, aumentados. Um aumento de Ruminococcus gnavus se relacionou com o aumento na atividade da doença e com a nefrite lúpica.

            A proteína Ro60 humana, é considerada um autoantígeno primordial no LES, e autoanticorpos anti-Ro60 são detectados em indivíduos antes do início da doença. Estas proteínas também são produzidas por bactérias, como Propionibacterium propionicum e Bacteroides thetaiotaomicron, podendo interagir de forma cruzada com as proteínas humanas e ativar o sistema imune.

            Portanto, sim, há conexão entre o microbioma intestinal e as diferentes doenças auto-imunes.

Análise do Microbioma Intestinal

Quando analisamos o microbioma intestinal através do teste Inner Care TRIGGER da Biogenetika, podemos identificar a abundância e diversidade das espécies presentes no microbioma e confrontar com o que há de mais avançado nas pesquisas científicas.

Além disso, na Biogenetika contamos com um banco de dados que auxilia no tratamento e modulação intestinal de forma individualizada, indicando quais os alimentos, probióticos e suplementos são mais indicados para cada perfil de microbioma.

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REFERÊNCIA

Miyauchi, E., Shimokawa, C., Steimle, A. et al. The impact of the gut microbiome on extra-intestinal autoimmune diseases. Nat Rev Immunol (2022). https://doi.org/10.1038/s41577-022-00727-y