A vitamina C é um metabólito sintetizado por eucariontes, plantas, fungos e animais, mas em humanos esta capacidade foi perdida, portanto é um micronutriente essencial e sua deficiência grave leva à morte por escorbuto. Níveis inadequados desta vitamina estão associados ao aumento no risco para doenças cardiovasculares, cânceres e a redução na expectativa de vida. A prevalência de deficiência de vitamina C é de 5% e, para um estado subótimo, de 13%, mesmo em países desenvolvidos.

A vitamina C existe em duas formas químicas principais, ácido ascórbico e desidroascórbico. O ascorbato é a forma biologicamente ativa da vitamina C e pode ser reversivelmente oxidada, formando semideidroascorbato e radical ascorbato, este, quando oxidado, forma deidroascorbato.

A via de entrada celular da vitamina C é feita pelos transportadores SLC23A1 e SLC23A2. Uma via menor absorve o ácido desidroascórbico (oxidado) utilizando os transportadores facilitadores de glicose GLUT1-4, GLUT8 e GLUT14, como pode ser observado na Figura 1. A expressão do transportador SLC23A1 é limitada ao epitélio de absorção, já SLC23A2 é encontrado em quase todas as células do corpo humano.

A vitamina C exerce atividades essenciais: cofator de enzimas de hidroxilação do colágeno, biossíntese de carnitina, biossíntese de catecolamina noradrenalina, processamento de hormônios peptídicos e no metabolismo da tirosina. É um potente antioxidante solúvel em água, eliminando radicais livres potencialmente prejudiciais sendo irreversivelmente oxidado neste processo, mas pode ser reciclado. Contribui para a prevenção de danos oxidativos de proteínas e DNA, mas o estresse oxidativo leva ao aumento da demanda por este nutriente. Ainda atua no aumento da vasodilatação do endotélio vascular e na redução da oxidação de lipoproteínas de baixa densidade (VLDL, IDL, LDL).

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Figura 1. Via de transporte da vitamina C na célula epitelial intestinal. A captação do lúmen intestinal é mediada por SLC23A1, enquanto o transporte da forma oxidada utiliza os transportadores GLUT.

A manutenção do nível ideal de vitamina C circulante depende do bom funcionamento do transportador da membrana apical SLC23A1 no epitélio renal, pois o aumento da excreção de vitamina C pela urina reduz em até 70% a concentração na circulação. Estes níveis podem ser recuperados por suplementação adicional. Os níveis sistêmicos de ácido ascórbico refletem o equilíbrio entre absorção intestinal, distribuição/consumo celular e reabsorção renal. Os níveis no sangue normalmente são classificados em deficiente (<11 µmol/l), marginais (11–28 µmol/l) ou suficientes (>28 µmol/l), mas concentrações elevadas (100µmol/l) também já foram observadas durante altas doses suplementares.

O polimorfismo* genético no gene SLC23A1 (rs33972313) modifica a concentração circulante de vitamina C reduzindo os níveis no sangue. Possuir um alelo de risco reduz em no mínimo 4 µmol/ as concentrações sanguíneas de vitamina C.

A recomendação de valores diários de consumo desta vitamina é de 90mg para homens adultos e 75mg para mulheres adultas. Valores elevados de consumo de vitamina C levam ao aumento da excreção renal, e acima de 3g/dia pode haver efeitos adversos, como diarreia, distúrbios gastrointestinais, aumento da excreção de oxalato, formação de cálculo renal, aumento da excreção de ácido úrico e efeitos pró-oxidantes. Indivíduos fumantes têm aumento de demanda desta vitamina e devem considerar a suplementação.

Portanto, consumir fontes alimentares ricas em vitamina C é essencial para saúde e longevidade. Os principais alimentos que contêm vitamina C são os de origem vegetal, como acerola, caju, kiwi, suco de laranja, suco de limão, laranjas, mamão, morango fresco, goiaba vermelha, manga, agrião, rúcula, couve-manteiga, couve-flor, brócolis, tomate, entre outros.  Diversos fatores influenciam a quantidade final no alimento, como a estação do ano, estágio de maturação, transporte, tempo de armazenamento e modo de preparo.

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*Conceito de polimorfismo: são as variações na sequência de DNA que podem alterar as proteínas produzidas pelo organismo podendo gerar impactos para as vias envolvidas, metabolismo e saúde de quem as porta. Para ser considerado um polimorfismo esta variação precisa ser de no mínimo 1% em uma população.

REFERÊNCIAS

COZZOLINO, Silvia M. Franciscato (org.). BIODISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES. 5. ed. Ver. E atual. Barueri, SP : Manole, 2016.

ECK, Peter. Nutrigenomics of vitamin C absorption and transport. Current Opinion In Food Science, [S.L.], v. 20, p. 100-104, abr. 2018. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.cofs.2018.05.001.
GRANGER, Matthew; ECK, Peter. Dietary Vitamin C in Human Health. Advances In Food And Nutrition Research, [S.L.], p. 281-310, fev. 2018. Elsevier. http://dx.doi.org/10.1016/bs.afnr.2017.11.006.