A vitamina B6 funciona como cofator enzimático para mais de 100 reações bioquímicas, como a síntese e degradação de neurotransmissores, transulfuração da homocistína, síntese de heme e metabolismo de aminoácidos, lipídios e glicogênio. No corpo humano está presente como piridoxal, piridoxina, piridoxamina e seus ésteres de fosfato. Na forma de piridoxal 5-fosfato (PLP), participa como coenzima em mais de 150 reações enzimáticas. Três genes expressam as enzimas para realizar a interconversão das formas da vitamina B6, como descrito na Figura 1.

A diagram of a chemical reaction

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Figura 1. Metabolismo da vitamina B6.

O funcionamento das enzimas que interconvertem os vitâmeros B6 são fundamentais para um adequado fornecimento de PLP aos tecidos. Variantes genéticas que alteram as funções dessas enzimas podem afetar o status desta vitamina. 

As variantes genéticas no gene ALPL, como rs1256335, alteram os níveis de PLP. Este gene expressa a enzima fosfatase alcalina inespecífica de tecido (TNAP), figura 1 (3), enzima ligada à membrana celular externa que pode desfosforilar o PLP extracelularmente. Portadores do homozigotos para o alelo A possuem níveis plasmáticos de PLP mais elevados quando comparados com os portadores do alelo G. A atividade desta enzima tem sido associada a um dos principais determinantes da concentração plasmática de PLP. Estados de hipofosfatasia estão associados a mutações no gene ALPL, que são inativadoras da enzima, e elevam os níveis de PLP celular. Já níveis reduzidos de PLP está associado a atividade elevada de TNAP na circulação. A maior quantidade de PLP circula ligado à albumina, enquanto apenas o PLP livre é um substrato para fosfatase alcalina.

O SNP rs4654748 do gene NBF3, a montante de ALPL, também está associado aos níveis de PLP, onde os portadores do alelo C apresentam níveis mais baixos de PLP em comparação com o alelo principal homozigoto. 

A vitamina B6 está associada aos níveis de homocisteína, juntamente com o status de B9 e B12, pois o PLP catalisa a transulfuração da homocisteína. Os níveis plasmáticos de PLP estão significativamente inversamente associados ao risco de câncer colorretal. Ainda, o nível de PLP no sangue e mostra mais baixo em indivíduos portadores de esquizofrenia do que em indivíduos que não possuem esta condição e se relaciona com o aumento da gravidade dos sintomas. Indivíduos que não corrigem o nível de PLP durante o tratamento da doença exibem menor melhora nos sintomas. Os níveis reduzidos de PLP não se relacionam de forma causal à esquizofrenia, mas os níveis elevados de homocisteína no sangue eleva o risco. Portanto sugere-se que devido ao aumento de homocisteína, há redução nos níveis de PLP nestes pacientes. O uso de PLP em pacientes tratados pode reduzir a discinesia (movimentos involuntários).

A análise combinada dos polimorfismos para o gene ALPL (rs1256335) e gene NBF3 (rs4654748) conseguem predizer de forma eficaz e essencial os níveis de PLP no sangue, o que se mostra importante para planejar o adequado estado de saúde relacionado a este nutriente essencial.  Estas análises estão disponibilizados no BioNutrientes da Biogenetika e são fundamentais para a prática da saúde de forma integral nas diversas fases da vida.

*Conceito de polimorfismo: são as variações na sequência de DNA que podem alterar as proteínas produzidas pelo organismo podendo gerando impactos para as vias envolvidas, metabolismo e saúde de quem as porta. Para ser considerado um polimorfismo esta variação precisa ser de no mínimo 1% em uma população.

REFERÊNCIAS

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