A vitamina A é um micronutriente essencial solúvel em gordura que está envolvido em uma série de processos biológicos, como visão, funções do sistema imunológico, divisão celular e neurodesenvolvimento. Se refere a um grupo de compostos que abrangem o retinol (totalmente trans), retinóides (retinaldeído e ácido retinóico) e os carotenóides pró-vitamínicos (betacaroteno, alfa-caroteno e beta-criptoxantina). 

Evidências observacionais, de estudo prospectivo de 30 anos, sugerem associação entre maiores valores de retinol circulante e menor mortalidade geral, por doenças cardiovasculares, cardíacas e respiratórias. Inclusive maiores níveis tem a capacidade de mediação de menos de 3% dos efeitos do tabagismo e do diabetes mellitus na mortalidade.

A deficiência de vitamina A ainda é um grave problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, atingindo principalmente crianças, e que se relaciona principalmente ao baixo consumo de alimentos de origem animal. Mundialmente a deficiência de vitamina A está em segundo lugar, mesmo nos países desenvolvidos, ficando apenas atrás do ferro nas deficiências nutricionais. A recomendação diária de ingestão de vitamina A (RDA) é de 900µg para homens e 700 µg para mulheres.

O retinol e o éster de retinil são as formas da vitamina encontrada nas fontes animais, enquanto nos vegetais estão presentes os carotenóides que podem ser convertidos em retinaldeído. O retinol é oxidado a ácido retinóico, uma forma molecular potente que regula a expressão de milhares de genes após sua ligação aos receptores nucleares. 

No intestino as diferentes formas de vitamina A e pró-vitamina A consumidas dos alimentos serão transferidos para emulsões de gordura dietética, o que também depende da origem alimentar e das interações dos nutrientes presentes no intestino, como fibras e lipídios. As enzimas gástricas e pancreáticas facilitam as interações e a captação pelas células intestinais para difusão passiva e transporte facilitado. Nos quilomícrons são distribuídos pela corrente sanguínea aos tecidos e os quilomícrons remanescentes vão para o fígado onde são captados e armazenados. Na circulação sanguínea é transportado ligado a albumina no complexo RBP-TTR (abordado a seguir). Os tecidos alvo captam o retinol da RBP-TTR. 

Variantes genéticas associadas ao retinol podem ser utilizadas para compreender possíveis relações causais com a saúde e doenças humanas, o que pode ser informativo para suplementação, intervenção dietética ou reaproveitamento de farmacoterapias com retinóides. As variantes no gene BCO1 que codifica a enzima beta-caroteno oxigenasse 1, localizada nos enterócitos no jejunum foram associadas ao status de vitamina A no sangue, pois convertem os beta-carotenos a vitamina A após sua absorção intestinal. Este mecanismo regula todos os carotenóides pró-vitamina A. O status de vitamina A também modula a expressão deste gene, sendo que elevação de vitamina A no sangue, reduz sua expressão e vice-versa.

A proteína 4 de ligação ao retinol (RBP4) é o principal transportador sistêmico de retinol após a secreção hepática, facilitando a distribuição de retinol por todo o corpo. A RBP4 forma complexos com a proteína tetrâmera transtirretina (TTR), que estabiliza a RBP4 circulante e reduz a filtração renal. Foi demonstrado que o efeito do retinol nos lipídios através do RBP4 provavelmente surge da ligação devido ao gene proximal FFAR4 (rs10882272, alelo de risco C) que codifica um receptor de ácidos graxos livres. Portanto, os achados lipídicos podem não representar um impacto causal do retinol circulante, mas sim a influência do FFAR4. Portanto a presença do alelo variante C para FFAR4 está associado a menores níveis de retinol sanguíneo, sendo estimada em menor 3% para cada cópia do alelo C. 

O gene FFAR4 codifica um receptor GPCR (GPCR120) para ácidos graxos livres de cadeia longa, incluindo ômega-3, que é expresso em vários tipos de células, incluindo hipófise, pulmões, macrófagos, adipócitos, células neuroendócrinas intestinais e células pancreáticas. Assim, participa de vários processos fisiológicos, incluindo regulação energética, sensibilidade à insulina, homeostase imunológica e respostas anti-inflamatórias.

Melhorar o status nutricional de mulheres grávidas e crianças é a melhor forma de prevenir a deficiência de micronutrientes; no entanto, sugere-se que a variação genética está associada ao estado de deficiência de micronutrientes nestes grupos, sendo fundamental a realização de análises genéticas para estabelecer a conduta adequada para o status de vitamina A. Esta análise está disponível no BioNutrientes da Biogenetika e são fundamentais para a prática da saúde de forma integral nas diversas fases da vida.

*Conceito de polimorfismo: são as variações na sequência de DNA que podem alterar as proteínas produzidas pelo organismo podendo gerando impactos para as vias envolvidas, metabolismo e saúde de quem as porta. Para ser considerado um polimorfismo esta variação precisa ser de no mínimo 1% em uma população.

REFERÊNCIAS

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